IGNORÂNCIA VISUAL

Pallas e o Centauro - Botticelli

Em todos os lugares encontramos um conflito conceitual e funcional sobre a matéria de artes, simplesmente por faltarem lacunas nesta construção do que representa e como trabalhá-la.
A verdade que eu encontrei sobre toda a problemática foi o abandono do papel universal e agente de união entre o raciocínio lógico, o crítico e a abstração (projeção e construção de idéias não experimentadas) que é sincronicamente necessário á todas às disciplinas se aplicado em conformidade e ação constantes.
Concluí sobre a maior necessidade dentro de todo o processo (e que é absolutamente falha nesse sistema) é a ausência de comunicação entre as disciplinas. São notáveis pelos seguintes sintomas, saturação metodológica, desvio de foco de interesse através de não suprir a necessidade de um movimento renovável e um fluxo estimulante, ou seja, fator impulsionador da aprendizagem.
E todos perguntam e se inquietam em como colocar isso em prática, é algo que foi esquecido, em algum ponto onde o sistema percebeu que as pessoas começavam a ser críticos e a questionar a uniformidade aplicativa do saber, a resposta é simples: Voltar a fazer a conexão, consultar e acompanhar o que acontece no momento como um todo, resumindo, estar sempre presente.
Isso não quer dizer que o professor de artes é obrigado a ser criativo 24 horas por dia, sem nenhuma fonte de informação ou mesmo orientação coerente além do livro do professor que é oferecido pela instituição, mas apenas se comunicar às demais matérias. Deve ser constantemente taxativo e linear em alguns pontos importantes, para desfazer alguns vícios que foram construídos pelo simples motivo de uma formação falha, arte não é artesanato, (artesanato é uma ferramenta) nem mesmo decoração, (decoração é o olhar estético aplicado ao ambiente) muito menos objeto dispensável como necessidade, como prioridade e valor distorcido, este rótulo se deve infelizmente porque a maioria das pessoas não sabem que a noção mais apurada de estética e de uma dedicação maior ao equilíbrio das coisas apenas pelo olhar, e isso é intimidador (acaba nos levando aos efeitos psicológicos), por se sentirem observadas com um ponto de vista não reconhecido como ponto de apoio, mas como algo inusitado, imprevisível, e se colocam passíveis de crítica ou julgamento, pelo motivo de que em algum momento da vida isso foi perdido ao serem tirados conteúdos durante a formação acadêmica, e agora não conseguem se localizar, ficam deslocadas por desconhecer as potencialidades que os Arte Educadores são capazes de despertar, pelo dinamismo e descoberta, pela possibilidade de tornar atraente e vivo todas as outras matérias, então chegam ao professor de artes e acham que é uma grande coisa recortarem bandeirinhas ou desenharem corações no dia das mães, (são como correntes escravizando o desenvolvimento do raciocínio). São críticas? Sim... São críticas muito sérias, e um incômodo muito grande tocar num assunto que contraria muitos modos de lidar com a capacidade e o alto poder de transformação do ser humano colocando-o como fazem hoje em nossa sociedade, nossa realidade.
E como disse um doutor da USP Luiz Barco Arte é Matemática, é exata e perfeita. Professor de matemática há quase 50 anos, Luiz Barco acredita que é um grande erro separar a arte da ciência. "É preciso ter sensibilidade tanto para criar ópera, como para desenvolver bioquímica, matemática e física". E ele entende do assunto. Barco também é professor titular da ECA (Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo), doutor em Ciências da Comunicação, além de membro da Academia Paulista de Educação e da Associação de Humanidades da Europa. O Prof. Ubiratan D'ambrosio, da Unicamp, mostra que a matemática é um conhecimento pré-histórico, assim como a arte das pinturas das cavernas, e que matemática não é só aquilo que os matemáticos chamam de matemática, é muito mais.
Abaixo um texto de uma universidade de Portugal que cabe muito bem nesta idéia:
“ARTE e MATEMÁTICA - criatividade, beleza, universalidade, simetria, dinamismo, são qualidades que frequentemente usamos quando nos referimos quer à Arte quer à Matemática. Beleza e rigôr são comuns a ambas. A Matemática tem um notável potencial de revelação de estruturas e padrões que nos permitem compreender o mundo que nos rodeia. Desenvolve a capacidade de sonhar! Permite imaginar mundos diferentes, e dá também a possibilidade de comunicar esses sonhos de forma clara e não ambígua. E é justamente esta capacidade de enriquecer o imaginário, de forma estruturada, que tem atraído de novo muitos criadores de Arte e tem influenciado até correntes artísticas. Como a história demonstra, a Matemática evolui muitas vezes por motivações de ordem estética. Como dizia Aristóteles "Os filósofos que afirmam que a Matemática não tem nada a ver com a Estética, estão seguramente errados. A Beleza é de facto o objecto principal do raciocínio e das demonstrações matemáticas", e Hardy afirmava que "O matemático, tal como o pintor ou o poeta, é um criador de padrões. Um pintor faz padrões com formas e cores, um poeta com palavras e o matemático com ideias. Todos os padrões devem ser belos. As ideias, tal como as cores, as palavras ou os sons, devem ajustar-se de forma perfeita e harmoniosa."
ARTE e MATEMÁTICA - Até à Renascença a oposição entre Arte e Matemática não tinha grande sentido. Basta olhar para o génio universal de Leonardo de Vinci. Hoje a actividade artística reivindica de novo a influência matemática - Klee, Kandinsky, Vasarely, Corbusier, Xenakis, e muitos outros deixaram-se fascinar pela Matemática que exploraram com novas possibilidades ópticas, novos algoritmos de criação, novas geometrias (não euclideanas, fractais, etc) mais recentemente potenciados pelo uso da computação, síntese sonora, e outras potencialidades técnicas.
Este site tem como principais objectivos (i). desenvolver conteúdos que mostrem a enorme diversidade de interacções entre Matemática e Arte, (ii). falar de vários temas de Matemática, de uma forma rigorosa, embora elementar (ao nível dos curriculos actuais do ensino secundário), que possam ser úteis para o criador de Arte, (iii). desenvolver conteúdos que possam também ser usados no ensino da Matemática através da Arte.”
http://cmup.fc.up.pt/cmup/arte/

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